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quarta-feira, 29 de julho de 2009

AURORA - Terceiro Capítulo

Como disse a fic é bem curta... então está quase acabando..

Ta aí a terceira parte...

Capítulo 3

O Ultimo Sonho


A clareira estava inundada de sol e nós dois brilhávamos intensamente, o seu peito nu refletia como milhares de diamantes multifacetados, era como se pudesse iluminar toda uma cidade. Mas eu também não ficava atrás.

Ele sorria, aquele seu sorriso de canto, que me tirava o chão e me roubava o fôlego, mesmo que eu não precisasse mais respirar e aquele não fosse um sorriso realmente feliz. Meus olhos mergulharam nos dele e ele me encarou apaixonado, eu sabia que ele me amava, quando ele me olhava daquele jeito, então, eu não era capaz de duvidar.

Eu tinha algo importante a dizer, por isso o trouxera ali, aquele era nosso santuário e eu precisava daquele altar para a promessa que exigiria dele.

_..., você me ama?

_Não seja tola ..., você ainda precisa me perguntar isso? – sua voz era serena, ele me conhecia muito bem para saber que não era por isso que estávamos ali.

_Sei, mas queria uma resposta.

_Eu te amo ... . Você deveria saber disso, mas eu direi quantas vezes for necessário. Eu te amo. Eu te amo. – Ele dava a intenção de quem desejava falar mais alguma coisa, mas me deixou prosseguir em meu diálogo que ele devia ter certeza que era alguma armação.

_Você sabe o que vem pela frente? Não sabe? Muito mais do que eu, muito mais dos que os outros. Você sabe tanto quanto Alice e não vai contar a ninguém, não é mesmo?

_Sim e não. Eu sei mais do que os outros, porque conheço os detalhes, como Alice conhece, mas não, não vou deixar de contá-los. O que sei, e o que Alice sabe, já foi dito. Quanto ao resto, tudo pode mudar, as coisas mudam ..., você sabe disso, e ainda há os lobos, eles estarão lá, então tudo se torna um mistério maior ainda. – Ele parecia certo no que dizia, e sincero. Eu sei que devia acreditar nele, mas ele sempre mentira tão bem, ele me enganara com muito menos palavras que essas quando me abandonou. Não, eu não deixaria passar.

_..., confie em mim e me responda uma pergunta: o que você faria por mim? Por Renesmee? Por todos? Mas principalmente pelo nosso amor?

_Qualquer coisa. – Ele falou sem hesitação alguma, mas eu sentia o temor em sua voz.

_Qualquer coisa? – Forcei.

_O que você quer, meu amor? – Ele agora estava nervoso e ansioso.

_Eu só quero você, para sempre, e para sempre. Mas não estamos presos a desejos nesse momento ..., e sim a necessidades, e eu pre-ci-so que você me prometa uma coisa.

_Que espécie de loucura está pensando em fazer desta vez ...? – Soltou ele quase explodindo em tensão. – São nesses momentos que eu odeio não saber o que está pensando. – Bufou.

_Não estou pensando, nem planejando, nem fazendo nenhuma loucura ..., mas preciso que você entenda que para mim não pode existir um mundo em que você não esteja. Consegue compreender isso?

_É claro que consigo, eu também seria incapaz de viver em um mundo onde você não mais vivesse. Eu já tive essa sensação por tempo suficiente e são lembranças que prefiro não ter. – Deixei ele falar sem interrompe-lo, ele estava chegando onde eu queria. – Se eu ao menos fosse capaz de apagá-las. O que mais me aterroriza é o fato que se eu não tivesse ido aos Volturis naquela época, eu talvez não os tivesse lembrado da existência dos Cullen e não teríamos mais uma batalha para enfrentar em horas.

_Infelizmente tudo isso aconteceu ..., e nós dois tivemos experiências longes um do outro. Mas você sentiu a minha ausência eterna, eu ainda sabia que você estava vivo, correndo o risco de perde-lo, mas ainda vivo, você não. Você me viu morta em seus pensamentos e você sentiu a minha falta.

_Onde está querendo chegar? – Perguntou ele impaciente.

_Essa batalha vai acontecer amanhã, nós dois querendo ou não, e corremos riscos tão grandes que somos incapazes de imaginar. Sabemos que desta vez eles vem para lutar, não estão abertos a deliberações, aumentaram o seu contingente e consequentemente seus poderes. Nós somos muitos também, mas corremos riscos, inúmeros. E sabemos que no fim disso, serão eles, ou nós. Mas independente de quem vença, teremos baixas.

_Sim. Nós sabemos. – Ele respondeu como se seus pulmões não fossem de aço e como se precisassem de um fôlego perdido. A voz baixa, quase murcha, teria me dado calafrios, se eu ainda fosse capaz de senti-los.

_Então é o seguinte ..., eu não saio daqui e nem permito que você saia, se não me fazer uma promessa, uma promessa que terá que cumprir, a que preço for, uma promessa que eu só poderei pagar com uma promessa igual, mesmo que meu peito arda em chamas por isso. – Eu disse essas palavras em uma velocidade anormal, de forma que um humano mal perceberia como um suspiro.

Ele me olhava com uma estranheza sem tamanho, com medo do que seria obrigado a prometer, mas sabendo que seria necessário. Ele me conhecia, sabia que eu estava determinada a conseguir o que eu queria, sabia que agora eu tinha forças suficientes para mantê-lo naquela clareira pelo tempo que eu quisesse, e eu sabia que ele não ficaria ali, deixando a família e os outros lutarem sozinhos, não quando cada um era importante. Eu sabia, porque eu também não os deixaria.

_O que devo prometer ...? – Sua voz era tensa, quase áspera, mas ele sabia que aquilo doía tanto em mim quanto nele. Ele podia ver em meus olhos.

_Que aconteça o que acontecer comigo naquela batalha, você não vai se destruir, você não vai procurar quem quer que seja para acabar com você, vai ver Renesmee crescer, vai cuidar dela. Você vai viver.

Foram vários minutos em silêncio, era um silêncio mortal, nenhum músculo foi mexido, nenhum olho piscado, até o vento parecera ter se imortalizado a nossa volta. Ele me olhava com uma mescla de terror, medo, fúria, dor, amor e compreensão, eu podia ver tudo aquilo passar por seus olhos, por que sentia as mesmas coisas. Eu o amava, mas nunca permitiria pensar que se eu partisse ele buscaria o seu fim.

Os minutos transcorreram e nenhum de nós os percebeu, poderíamos ter ficado ali horas, até dias, mas não podíamos nos dar ao luxo de esperar tanto. Não sei quanto tempo foi, mas em um instante os olhos dele me machucavam e no outro eu estava presa em seu abraço de aço, como se fosse uma humana, fraca.

Eu teria chorado, se pudesse, eu teria sentido meu coração parar, se ele já não estivesse assim, eu teria perdido o fôlego, se ainda conseguisse, e teria desistido, se fosse admissível. Mas nada disso era, sequer, cogitado em minha mente, eu só pensava que não poderia perdê-lo, mesmo que não estivesse mais ali para perdê-lo.

Me doía pensar que era possível o contrário acontecer e eu ficar presa a promessa, presa na minha própria armadilha, sabia que seria impossível viver sem ele, mas eu precisava de sua promessa. E eu sabia que ele me prometeria pela promessa que teria em troca, e que ele cumpriria a promessa, se me fizesse.

Sua voz cortou o ar de repente, um pouco abafada sobre meu cabelo, mas pude ouvi-lo com perfeição.

_Você tem certeza de que é isso que quer?

_Não tenho certeza de nada ..., a única certeza que tenho é de que preferiria morrer mil vezes a saber que você deixou viver.

_Eu já deixei de viver a séculos ...! – Objetou ele me empurrando de leve e voltando a me encarar nos olhos.

_Pouco me importa a quanto tempo seu coração deixou de bater.

_Porque eu viveria sem você ...?

_Eu já disse. Pelos outros. Por Renesmee. Por mim mesma.

_Quando você diz isso, e diz que promete o mesmo. Você seria capaz de viver sem mim? – Pude sentir um leve tremor de dúvida e pânico naquela pergunta.

_Mas é claro que não! – Respondi com uma risada seca e dura. – Mas eu viveria. Sabendo que te faria sofrer ainda mais se eu partisse. Você acha que eu descansaria em paz sabendo que o levei comigo?

_Descansaria em paz? Você ainda acha que existe salvação para nós ...?

_Sim existe. Estou com Carlisle nessa, e você não vai me desviar disso.

_... .

_..., me escute. Você me promete que vai viver, não importa a que custo for. Você me promete que não vai procurar um jeito de partir, e eu, te prometo que também não buscarei o meu fim. Além disso, eu lhe prometo que... que eu volto pra você. Seja como for, eu vou encontrar um jeito de voltar pra você. Eu vou provar pra você que nós não só temos almas, mas que nós merecemos um céu, seja lá o que isso signifique para as milhares de religiões. Eu volto pra você, nem que isso leve mil anos. Então viva ..., viva. Por mim.

Ele não respondeu. Eu via que ele estava cético quanto as minhas afirmações, mas eu também via que ele cumpriria a promessa e que me esperaria de alguma forma. Que ele acreditaria naquilo como modo para viver. Então ele pegou minhas mãos, levou até o seu rosto e me beijou.

Não foi um beijo longo, nem o tipo de beijo de nossos novos tempos. Parecia mais com os beijos de quando eu ainda era uma humana e ele ainda sentia sede pelo meu sangue, cauteloso. O beijo durou pouco, mas o suficiente para que selássemos nossas promessas. Não eram necessário palavras, nós já nos conhecíamos muito bem. Demos as mãos e partimos.

A última coisa que vi foram as folhas da clareira se movendo a uma velocidade impressionante com o deslocamento de ar e algumas caindo ao chão. A clareira ficou só e triste e eu acordei.

Cullen. Aquele era um nome que eu nunca tinha ouvido nos sonhos. Então eles eram os Cullen’s. Isso devia me deixar contente, mas eu só sentia um imenso vazio.

Essa foi a última vez que sonhei com eles.

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